Com o objetivo de reduzir o carbono produzido por combustíveis, principalmente de veículos pesados, o Governo Federal incluiu o Programa Nacional de Diesel Verde no Projeto de Lei do Combustível do Futuro em setembro de 2023. O intuito é trocar as fontes poluentes por outras mais limpas e renováveis.
O diesel verde ou HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) é resultado de um processo de hidrogenação de óleos como matérias primas renováveis, como óleos vegetais, residuais, de soja ou palma e gordura animal, dando origem a um combustível de baixa emissão de carbono, livre de enxofre e compostos aromáticos, altamente eficiente, e com emissão de CO2 significativamente reduzida.
Além do diesel verde, a partir do HVO podem também ser produzidos combustível para aviação, bionafta e biopropano.
Ao contrário do diesel convencional derivado do petróleo, o diesel verde representa uma alternativa sustentável que emite menos gases de efeito estufa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e se tornando crucial para a preservação do meio ambiente. Por ter sua composição a partir de origem vegetal ou animal, a qualidade é superior ao biodiesel de base éster.
Embora o biodiesel à base de éster e o diesel verde possam utilizar a mesma matéria-prima na produção do combustível, a diferença entre eles está no processo de fabricação e na qualidade do produto final.
O diesel verde é produzido integralmente a partir do processamento de óleos vegetais, como palma e soja, ou gorduras animais. Por outro lado, o biodiesel à base de éster é obtido por meio da transesterificação, uma mistura de óleos vegetais ou gordura animal com etanol ou metanol, catalisador que gera glicerol e um composto de ésteres com características semelhantes ao diesel.
Sua contribuição para o meio ambiente é indiscutível, já que reduz as emissões de gases de efeito estufa entre 50% e 90%, sendo isento de contaminantes e com maior estabilidade, reduzindo problemas de armazenamento e uso em motores a diesel. Além de diminuir os danos nos motores como entupimento de filtros, bombas e bicos injetores, aumenta a vida útil dos veículos.
O alto teor de cetano melhora a qualidade da combustão no motor e pode ser usado em motores a diesel sem as limitações apresentadas pelo biodiesel à base de éster.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o diesel verde é o terceiro maior biocombustível em termos de volume de produção em todo o mundo. Sua produção apresenta um crescimento acelerado em comparação ao etanol e o éster. Entre 2011 e 2018, a produção de éster registrou um aumento anual de 1,7% no mercado europeu, enquanto a do diesel verde aumentou 37,1%.
Em 2018, a produção total de combustíveis para motores diesel na União Europeia foi de 6,1 bilhões de litros, sendo 12,6 bilhões de litros de éster e 3,5 bilhões de litros de diesel verde, indicando a relevância do mercado de biocombustíveis na região.
O governo assinou em setembro de 2023, o Projeto de Lei que propõe a criação do Programa Nacional do Diesel Verde (PNDV), que incluí como parte das mudanças a utilização de energias mais limpas e redução da dependência de diesel derivado do petróleo no nosso país. Essa transição será feita gradualmente, com a inclusão progressiva do diesel verde como uma opção nos combustíveis que usamos no Brasil.
A definição do percentual obrigatório de adição ao diesel fóssil será responsabilidade do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O CNPE deve avaliar as condições de oferta do produto, considerando alguns pontos como a disponibilidade de matéria-prima, capacidade de produção e localização. Além disso, o Conselho deverá analisar o impacto no preço final ao consumidor e a competitividade nos mercados internacionais do diesel verde produzido no Brasil.
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